Finlândia
Finlândia
Geografia
País do Norte da Europa. A Finlândia faz parte dos chamados países escandinavos e é conhecida, também, como o "país dos mil lagos". Com uma área de 338 145 km2, a Finlândia tem fronteira com Noruega, a norte; a Suécia a noroeste; e a Rússia a leste; sendo banhada pelo golfo da Finlândia a sul e pelo golfo de Bótnia a oeste.
As principais cidades são Helsínquia, a capital, com 590 600 habitantes (2004), Espoo (234 700 hab.), Tampere (203 200 hab.), Vantaa (192 500 hab.), Turku (179 600 hab.) e Oulu (126 500 hab.).
A Finlândia é um país de relevo geralmente plano, verificando-se uma subida de altitude de sul para norte. É nas regiões montanhosas do Noroeste da Finlândia, junto às fronteiras com a Suécia e a Noruega, que se encontra o ponto mais alto do país, o monte Haltia, com 1328 metros. A paisagem deste país é caracterizada por extensas florestas, por inúmeros lagos (perto de 55 000) e rios e ainda pela presença de vastas áreas pantanosas que atestam a presença de uma antiga cobertura glaciária.
Clima
O clima finlandês é caracterizado por uma grande amplitude térmica anual, sobretudo no Norte, onde a temperatura no inverno chega a -30 ºC, enquanto no verão se regista um máximo de 27 ºC (saliente-se que, durante o verão, de maio a julho, no Norte a latitude é igual ou superior a 66º 33' N, não há noite, fenómeno conhecido por sol da meia-noite). Nestas mesmas regiões durante o inverno o sol permanece abaixo da linha do horizonte durante 51 dias o que origina a noite polar. Quanto aos níveis de precipitação, estes revelam-se de fraca incidência, limitando-se aos 600 mm anuais. Há a destacar, ainda, um pormenor geográfico: a costa finlandesa do golfo de Bótnia cresce, anualmente, 9 mm, devido à descompressão dos lençóis gelados sobre aquela região.
Economia
A economia finlandesa é liberal, dando grandes liberdades ao setor privado, embora o Estado detenha o controlo das empresas ligadas aos transportes e à energia. Com o desenvolvimento económico verificado desde a Segunda Guerra Mundial (sobretudo a partir da década de 60), a agricultura foi progressivamente perdendo importância na economia finlandesa, principalmente como fonte de emprego. Por outro lado, a silvicultura tem um desempenho económico importante devido à extensa área ocupada por florestas (cerca de 3/4 do território).
O setor industrial tem vindo a ocupar desde a década de 60 o espaço económico antes preenchido pelo setor primário. Tal facto decorre do grande desenvolvimento verificado, não só nas indústrias ligadas à construção e ao tratamento dos produtos químicos e florestais (sobretudo celulose), como também ao nível da produção de maquinaria pesada. Destaque-se, também, a boa situação em que se encontra a indústria têxtil (principalmente a que se dedica ao fabrico de produtos de pele de raposa) e a indústria da porcelana, esta última situada na área de Helsínquia. Este desenvolvimento global tem influenciado da mesma maneira o setor financeiro, sobretudo a partir da abertura deste setor à banca estrangeira, facto que se insere num quadro em que as transações com outros mercados é de fundamental importância para manter a economia do país de boa saúde. Os principais parceiros comerciais da Finlândia são a Alemanha, a Suécia, o Reino Unido e os Estados Unidos da América.
Indicador ambiental: o valor das emissões de dióxido de carbono, per capita (toneladas métricas, 1999), é de 11,3.
População
A população finlandesa era, em 2006, de 5 231 372 habitantes, o que corresponde a uma densidade populacional de 15,5 hab./km2. As taxas de natalidade e de mortalidade são, respetivamente, de 10,45%o e 9,86%o. A esperança média de vida é de 78,5 anos. O valor do Índice do Desenvolvimento Humano (IDH) é de 0,930 e o valor do Índice de Desenvolvimento ajustado ao Género (IDG) é de 0,928 (2001). Em termos religiosos, os luteranos evangélicos são maioritários, com 86% da população. As línguas oficiais são o finlandês e o sueco, faladas, respetivamente, por 93% e 6% da população.
Arte e Cultura
A cultura finlandesa está fortemente marcada por uma única obra: Calévala, uma obra épica compilada no século XIX pelo sábio Elias Lönnrot, através de antigas músicas, poemas e contos da Finlândia. A Calévala tem influenciado o teatro, a música, a ópera, a literatura e as diferentes artes, fruto do grande espírito nacionalista de que está impregnada e que desde cedo entusiasmou os finlandeses.
História
A Finlândia é habitada desde há 9000 anos, tendo sido os Lapões os primeiros a fixarem-se neste país, mais precisamente no Norte, enquanto os Ugro-Fineses ocupam o Sul da Finlândia três mil anos depois. Já na era cristã, a Finlândia começa a sofrer a influência sueca ainda antes do período viking (séculos VIII a XI), tornando-se mais intensa a partir do século XII, quando a Suécia, sob autorização papal, inicia uma série de cruzadas que, para além de conquistarem o território finlandês, têm como objetivo último impedir a influência e a presença de facto da Rússia neste território. Assim, após muitos avanços e recuos militares, só em 1323 é que a Suécia, através do Tratado de Pähkinäsaari (atualmente Petrokrepost), assegura a Finlândia como parte do seu reino. Em 1362, o rei Haakon da Suécia confere à Finlândia o mesmo estatuto dos outros territórios sob administração sueca, estando os Finlandeses sujeitos às leis e aos impostos reais, ao mesmo tempo que lhes era dado o direito de participarem nas eleições reais.
Contudo, a vida da Finlândia sob a jurisdição sueca foi bastante difícil, pois, ao longo dos séculos, os Finlandeses viram-se envolvidos, não só nas inúmeras disputas internas entre os nobres suecos, como também na conturbada política externa sueca, principalmente nos sucessivos conflitos existentes com a Rússia, país com pretensões territoriais antigas sobre a Finlândia. Este último aspeto assume contornos mais graves durante o século XVIII, quando sucessivas guerras entre os dois países colocam a Finlândia em permanente instabilidade e insegurança, chegando mesmo a ser ocupada pela Rússia entre 1713 e 1721. Esta situação levou a que entre os Finlandeses crescesse um espírito anti-Suécia, culminado com um acordo entre a Rússia e a Finlândia estabelecido em 1809 (Tratado de Hamina), em que, sob a proteção do czar Alexandre I, a Finlândia desenvolveria as suas próprias instituições constitucionais que regulariam o país em coordenação com um governador-geral nomeado pelo czar.
O período russo caracterizou-se por um considerável desenvolvimento económico que, contudo, não abrangia a totalidade da vasta população rural. Por outro lado, o quadro bilinguístico existente na Finlândia (o sueco era a língua autorizada nos meios administrativo, económico e de ensino) estabelecia uma divisão entre as classes mais favorecidas e as menos favorecidas. Este quadro suscitou uma forte reação dos finlandeses a partir do momento em que foi proibida a publicação em finlandês de qualquer obra exceto as que favorecessem a edificação religiosa e económica. Foi então que muitos dos defensores da língua finlandesa, sobretudo homens das artes, deram início a um processo simultaneamente criativo e de recolha de obras finlandesas (processo de onde se destaca a célebre obra épica Calévala), levando a que, em 1902, as duas línguas, sueca e finlandesa, estivessem em pé de igualdade a nível oficial.
O respeito da Rússia pela autonomia constitucional finlandesa (que permitiu a constituição de um sistema monetário, legal e militar próprio) terminou em 15 de fevereiro de 1889, quando o czar Nicolau II publicou um manifesto em que se instituía de poderes restritivos sobre as leis emanadas do Parlamento finlandês. Com esta medida, Nicolau II satisfez as pretensões dos nacionalistas russos, iniciando um processo de russificação da sociedade finlandesa. No entanto, os partidos finlandeses (principalmente o Partido Social Democrata, de inspiração marxista), aproveitando a instabilidade interna da Rússia nos primeiros anos do século XX, organizaram uma greve geral que, apesar de alguma reação negativa por parte de Nicolau II, obrigou, pelo seu impacto, a proceder a uma reforma parlamentar sem precedentes (20 de julho de 1906), passando o Parlamento a ser constituído por apenas uma Câmara (em vez das quatro câmaras antes existentes) e a ser eleito por sufrágio universal. Os anos seguintes, e após a realização das primeiras eleições em 1907 (ganhas pelo SDP), foram marcados por consecutivas dissoluções parlamentares ordenadas pela Rússia, cujo parlamento (Duma) acabaria por ficar responsável, em 1910, pelas iniciativas legislativas finlandesas.
A Primeira Guerra Mundial e a revolução bolchevique de 1917 foram dois factos históricos que abriram caminho à Finlândia em direção à independência. Primeiro, porque o movimento independentista encontrou na Alemanha uma aliada nas suas aspirações; depois, aproveitando a instabilidade interna russa provocada pelo processo revolucionário, uma coligação governamental finlandesa entretanto formada chamou a si a responsabilidade legislativa sobre o país (julho de 1917), iniciativa que conduziu à proclamação da independência a 6 de dezembro de 1917, a qual foi reconhecida por Lenine no último dia desse ano. No entanto, os primeiros meses de independência foram, para a Finlândia, de grande instabilidade, pois o SDP, inspirado na corrente revolucionária russa, obteve pela força o controlo de Helsínquia e das regiões industriais do Sul (28 de janeiro de 1918), provocando uma contraofensiva por parte dos conservadores que contavam com o forte apoio do exército alemão, obtendo estes a vitória sobre os revolucionários em finais de maio. O problema seguinte foi decidir entre a monarquia ou a república como estatuto da Finlândia, decisão que acabou por ser consensual entre todos os partidos na escolha do regime republicano, conforme foi estipulado na Constituição aprovada a 17 de julho de 1919, que precedeu a eleição do primeiro presidente finlandês, Kaarlo Juho Stählberg.
Ao longo dos anos, o desenvolvimento da democracia finlandesa foi deparando com uma série de obstáculos que, embora não implicassem períodos tão instáveis como os verificados em 1918, conseguiram perturbar o normal funcionamento institucional. Ao nível interno, a maior parte dos problemas derivaram da clivagem ocorrida no entretanto reformado SDP, que consistiu na saída dos elementos mais esquerdistas para formarem o Partido Trabalhista, partido este que não era mais que uma testa de ferro do Partido Comunista Finlandês, fundado em 1918 e desde então sediado em Moscovo. A este crescimento comunista contrapôs-se o movimento Lapua (Norte da Finlândia), que, com o apoio dos conservadores, iniciou uma série de ataques e perseguições a alvos comunistas, ações complementadas por uma lei aprovada pelo Parlamento finlandês em 1930 que baniu todas as atividades dos comunistas, bem como o direito de votar. Ao nível externo, a diplomacia finlandesa lidou principalmente com os dois seguintes problemas: a definição da fronteira este com a Rússia, resolvida com o Tratado de Tartu (1920), que concedeu, no Norte da fronteira, uma estrada em direção ao oceano Ártico; e disputa da soberania sobre as ilhas Aland entre a Finlândia e a Suécia (que tinha ocupado as ilhas durante a guerra civil finlandesa), disputa esta resolvida pela Sociedade das Nações a favor da Finlândia em 1921.
A Segunda Guerra Mundial foi aproveitada pela URSS para obter vantagens nas suas pretensões territoriais. Assim, em outubro de 1939, sob o pretexto de defender Leninegrado, a URSS exige à Finlândia parte do istmo da Carélia, a base naval de Hanko e algumas ilhas do golfo da Finlândia. E perante a recusa finlandesa, a URSS lança um ataque a 30 de novembro de 1939 que conduziria à assinatura do Tratado de Moscovo em 12 de março de 1940, data em que a Finlândia entrega uma vasta área do Sudeste do território. Em dezembro desse ano, Risto Ryti assume a presidência da República, sendo o protagonista da aproximação à Alemanha nazi antes e durante a guerra russo-Germânica (1941-44). Ao infligir sucessivas derrotas ao exército alemão, a URSS avança sobre o território finlandês, facto que esteve na origem da demissão de Risto Ryti, sucedendo-lhe o marechal Gustaf Mannerheim, que assinou, a 19 de setembro de 1944, um armistício com a URSS no qual a Finlândia reconhecia a validade do Tratado de Moscovo (1940).
Após a Segunda Guerra Mundial, a Finlândia conseguiu fortalecer um espírito de estabilidade nacional, como se constata pelo facto de Urho Kekkonen ter sido eleito presidente sucessivamente de 1956 até 1981, ano em que se retirou por motivos de saúde. O sucesso desta estabilidade deve-se principalmente ao forte desenvolvimento económico do país que, sob a necessidade de satisfazer as indemnizações de guerra, reestruturou a sua economia que passou a ter na indústria o seu setor fundamental. E foi graças a esta conjuntura favorável que a Finlândia conseguiu ultrapassar facilmente as esporádicas crises governamentais, derivadas da impossibilidade de haver um partido maioritário entre os inúmeros existentes na Finlândia. Ainda assim, é de destacar a predominância do SDP, do PC (Partido do Centro, antigo Partido Agrário fundado em 1918) e do Partido Conservador nas diferentes coligações governamentais.
Também a nível externo a Finlândia estabeleceu um clima de confiança com os seus vizinhos, embora o relacionamento com a URSS fosse sempre rodeado de algumas precauções. Em 1948, os dois países assinaram o Acordo de Amizade, Cooperação e Assistência Mútua, que perdurou até à dissolução da URSS em 1991. Mesmo assim, períodos houve em que as relações esfriaram, ou porque havia um crescimento momentâneo na Finlândia de um espírito antissoviético, ou porque a própria política externa soviética influenciava negativamente a posição finlandesa como o país ocidental mais a leste da Europa. Por outro lado, a Finlândia estabeleceu com os restantes países nórdicos (Dinamarca, Islândia, Noruega e Suécia) fortes laços de cooperação política, económica e social, permitindo o fortalecimento da região.
A europeização da Finlândia começou com a entrada deste país na Associação Europeia de Comércio Livre (EFTA) em 1986, culminando com a adesão à União Europeia em 1995, após a realização de um referendo (16 de outubro de 1994), cujos resultados foram favoráveis à política seguida pelo presidente da República, Martti Ahtisaari, do SDP. Por esta altura, a Finlândia tinha uma inflação média de 2%, enfrentando, contudo, uma elevada taxa de desemprego (perto dos 20%) e um enorme deficit económico (as dívidas do Estado representavam 60% do PIB).
Em 2003, a Finlândia, tendo como presidente da República a senhora Tarja Halonen, é considerado um dos países mais competitivos do Mundo, sendo também avaliado, entre 133 países, como o menos corrupto.
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